Olá pessoal, tudo bem com vocês? Espero que estejam bem e também animados, afinal, as férias se aproximam... mas, é bom lembrar que ainda falta um pouquinho, então, mãos à obra!!!
Na última aula verificamos o início dos governos militares no Brasil e um pouco sobre o Milagre Econômico. Hoje veremos como se iniciou a crise que fez desabar o “Milagre” e impôs o fim da Ditadura, vamos à aula!
Vimos que a economia brasileira estiva crescendo de forma “miraculosa”, mas, ela era frágil, pois dependia do mercado externo para manter seu equilíbrio. Essa fragilidade apareceu em 1973, quando ocorreu a crise do petróleo. Naquele ano os produtores internacionais, sediados no Oriente Próximo, limitaram a distribuição e aumentaram o preço do combustível, o que afetou a economia mundial. (ver boxe 5) Os países ricos, seriamente abalados pelo aumento do petróleo, diminuíram os financiamentos (empréstimos) aos países em desenvolvimento, como o Brasil, aumentaram as taxas dos juros dos novos financiamentos e diminuíram suas compras. Assim, de uma vez, o Brasil via diminuírem seus empréstimos e suas exportações. Além disso, o Brasil importava cerca de 80% do petróleo que consumia e consequentemente passou a gastar mais para comprá-lo. A balança comercial se desequilibrou, ficando negativa, e a produção para exportação caiu.
Querendo solucionar esses problemas, o governo lançou o II Plano Nacional de Desenvolvimento – II PND. Basicamente, esse plano tentava incentivar as indústrias a fabricarem máquinas e ferramentas (bens de capital), além de investir em setores de alta tecnologia, como a informática e a energia nuclear, e em infra-estrutura. A intenção era tornar o país auto-suficiente em energia e equipamentos para diminuir as importações e manter a balança comercial equilibrada
O problema é que indústrias de infra-estrutura e bens de produção exigem investimentos de capital muito maiores do que as de bens de consumo. A opção para conseguir esses recursos foi o aumento dos empréstimos, feitos com investidores no Brasil e no exterior. Assim o governo se endividava cada vez mais com os credores internacionais, enquanto procurava financiamento na economia nacional. Procurar recursos com o setor financeiro nacional foi a deixa para a especulação (negociar em qualquer mercado com o objetivo de obter lucros em curto espaço de tempo). Agora, além de dívida externa o Estado contraía uma dívida interna.
Mas a crise também afetou a base política do regime militar, ou seja, incomodou aqueles grupos que apoiavam o governo. A decisão de incentivar a produção de bens de capital desagradou os interesses dos grupos internacionais e nacionais. Como vimos, ambos estavam associados com a produção de bens de consumo. Isso significa que a intenção do governo de concentrar capitais em bens de capital, os grupos ligados à produção de bens de consumo protestaram temendo a redução dos seus lucros e dos financiamentos. Esses grupos defendiam a continua importação de bens de produção.
Uma parcela limitada do empresariado, contudo, era ligada ao setor de bens de capital, e defendia a produção nacional destes, ou seja, defendiam o investimento estatal em seu tipo de empresa.
No final da década de 1970 percebe-se que o modelo econômico brasileiro não seria mais capaz de manter o ritmo de expansão da economia. A inflação voltou a subir assustadoramente. O país entrou em uma profunda crise recessiva.
Em 1980 a dívida do governo brasileiro com outros países havia crescido tanto que o governo concentrou seus esforços em simplesmente saldar seus juros. As antigas metas que a economia deveria atingir foram deixadas de lado. Pela primeira vez na história do país o PIB (produto interno bruto) foi negativo. O setor industrial sofreu um forte retrocesso devido ao declínio das exportações e à carência de investimentos nas fábricas nacionais. As vendas no comércio também declinaram. Os trabalhadores com remuneração mais baixa foram os mais atingidos pela crise, devido à falta de empregos e à desvalorização dos salários. A economia parou.
Era impossível responder à crise da mesma maneira feita em 1964: aumento da exploração dos trabalhadores, incentivo ao setor de bens duráveis e empréstimos e exportação para equilibrar a balança comercial. Mas, por quê? A conjuntura internacional era de crise, o petróleo continuou subindo no início da década de 1980, os juros dos empréstimos eram cada vez maiores e a espoliação do trabalhador esbarrou num limite intransponível: a constituição física da força de trabalho. De fato, revoltados com suas condições de trabalho e salários os operários mobilizam-se desde 1978.
A tentativa do governo de dividir o prejuízo com a elite empresarial fragmentou o “piso” social sobre o qual a ditadura se apoiava. O que se viu então foi um conflito entre a burguesia que não queria mais contrair dívidas, o setor bancário que não queria perder os juros que cobravam da burguesia e o governo militar praticamente falido.
Em 1984, o Brasil vivia o quarto ano sucessivo de declínio econômico. Os progressos conquistados durante os anos de crescimento foram devorados pela crise. Este quadro negativo da economia foi um dos fatores que ajudou a retirar os militares do poder e a voltar o sistema democrático ao Brasil. É bom lembrar que o “milagre” foi usado para legitimar a ditadura. O governo militar já não conseguia mais soluções viáveis para superar os problemas pelos quais passava a nação. Vários movimentos sociais como as greves no ABCD paulista, a anistia, a formação de novos grupos políticos, e por fim o movimento das “diretas já”, reivindicavam a abertura do regime. O início da abertura, sob o presidente João Baptista Figueiredo, seria fruto dessas pressões econômicas, políticas e sociais.
É isso aí, pessoal, o que antes sustentava a permanência dos militares, acabou intensificando e fortalecendo a pressão que os levou a sair do cenário político. Mas, discutiremos essas questões em próxima aula. Agora, eu queria que comentassem algumas questões:
- por que a crise internacional atingiu a economia brasileira?
- diante da crise econômica e social e a pressão da opinião pública a saída foi a retirada dos militares do governo, mas, será que eles deixaram de influenciar na política?
Um grande abraço e até a próxima!
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