Desejo um excelente dia a todos! E, espero que estejam preparados e animados para dar continuidade aos nossos estudos.
Na última aula, falamos do movimento que instaurou a ditadura e também discutimos se o movimento civil-militar foi um Golpe de Estado ou uma Revolução. Espero que cada um de vocês tenha entendido um pouco mais deste importante momento da história brasileira.
Mas, mais do que isso, eu queria saber: além dessas leituras e de nossas “conversas” sobre a ditadura, vocês têm conversado com seus familiares e conhecidos que viveram na época da Ditadura Militar? Têm procurado saber qual a opinião deles a respeito do que estavam vivendo na época em que os militares assumiram o governo brasileiro? LEMBREM-SE – o conhecimento que essas pessoas podem nos transmitir, por meio dos relatos daquilo que viveram na época (suas memórias), pode nos ajudar muito a compreender um pouco mais da história da ditadura militar. Então, mãos à obra, comecem a colher informações e compartilhem o que forem aprendendo conosco!
Antes de voltarmos ao nosso tema, quero fazer um agradecimento especial ao professor Carlos pela colaboração com o texto da aula de hoje!
Mas, deixemos de conversa e vamos ao nosso tema! Depois que o presidente João Goulart deixou o Brasil e o governo passou às mãos de Ranieri Mazzilli e a Junta Militar, foi feita uma reunião no Congresso que tomou algumas decisões para o futuro do país.
Por exemplo, o general Humberto de Alencar Castelo Branco, foi eleito chefe do Estado Maior do Exército, tendo também grande poder de decisão sobre a direção política que se daria ao Brasil. Mas, além disso, para cumprir com o objetivo que tinham assumido ao derrubar o governo anterior, os militares implantaram algumas medidas, sempre com a justificativa de “arrumar” o Brasil, acabar com a corrupção, melhorar a economia e trazer ordem ao povo.
Assim, já num primeiro momento mais de 370 políticos foram cassados, entre eles estavam Juscelino Kubitschek (ex-presidente), João Goulart, alguns governadores de estados e membros do Congresso. (Mas, professora, o que é mesmo cassar? É a mesma coisa que caçar?).
Essa é uma dúvida normal, pessoal, e cassar não é a mesma coisa que caçar, embora tenham a mesma pronúncia!
Segundo nosso amigo, e companheiro de todas as horas, Aurélio (o dicionário!), caçar significa perseguir animais, com o objetivo de aprisionar ou matar. Mas, por outro lado, cassar, diz respeito à “fazer cessar, tornar nulo ou sem efeito, os direitos políticos ou de cidadão”. Entenderam a diferença? As pessoas caçam animais, mas também podem ser cassadas!
Continuando...
Foi decretado rompimento de relações diplomáticas com Cuba. Toda oposição era tratada com repressão acirrada. A UNE (União Nacional dos Estudantes) foi posta na ilegalidade. Os sindicatos sofreram intervenções e tiveram vários líderes presos. Enfim, para a permanência dos militares no poder, qualquer pessoa, grupo ou instituição que pudesse manifestar-se contra as mudanças implantadas eram calados.
Uma alternativa para o financiamento da produção industrial foi o aumento da exploração do trabalhador, fazer com que o trabalhador produzisse mais, recebendo o mesmo tanto, ou até menos. A maneira pela qual isso foi possível foi a política do arrocho salarial (arrocho significa aperto, nesse caso aperto dos salários, que resulta em sua diminuição). A partir de 1964 o governo passou a fixar o valor dos salários sempre abaixo da inflação. Isso significa que o aumento dos salários não acompanhava o aumento dos preços, e que os salários na realidade não aumentavam e sim diminuíam (ver boxe 2). Recebendo menos, os trabalhadores tinham de aumentar o seu tempo (jornada) de trabalho, e mais pessoas de sua família tinham de trabalhar. O aumento da jornada de trabalho resultava em um maior desgaste físico do trabalhador (cansaço, doenças relacionadas ao trabalho, acidentes etc). Mais gente procurando emprego aumentava a oferta de trabalhadores, o que por conseqüência da lei da oferta e da procura, diminuía os salários. (ver boxe 3)
Outra forma de o governo militar conseguir recursos foi o aumento das taxas dos serviços públicos (como os correios, por exemplo) e o aumento ou criação de impostos (como o IPI – imposto sobre produtos industrializados). Os recursos captados pelo Estado eram enviados para as indústrias sob a forma de subsídios (incentivos) ou empréstimos.
Com o mercado brasileiro aberto ao capital estrangeiro, as multinacionais vão dominar. Elas encabeçaram o processo produtivo. Mas isso também representava um problema: como as multinacionais tinham suas sedes (matrizes) fora do Brasil, toda vez que enviavam lucros ou compravam peças e máquinas no exterior, aumentavam as importações brasileiras. Isso desequilibrava a balança comercial (ver boxe 4). Ou seja, as multinacionais mandavam para fora do país capital gerado dentro dele. Para equilibrar a situação e manter a balança comercial positiva, o governo agia de duas maneiras. De um lado, incentivava as vendas para fora, as exportações. E de outro, tomava empréstimos, facilmente conseguidos no exterior. A questão é que ambas as medidas deixavam o Brasil dependente do mercado internacional.
Aconteceu, todavia, que esse modelo de produção desenvolveu e muito a economia brasileira. O rápido crescimento ficou conhecido como “Milagre”. As indústrias aumentaram a produção e se iniciaram grandes construções como a rodovia transamazônica, a Ferrovia do Aço, a Ponte Rio-Nitéroi etc, também apelidadas de “obras faraônicas” pela sua grandiosidade. O governo militar usou essa boa fase para justificar sua permanência no poder.
Como vocês puderam perceber o “milagre” econômico produzido pelas medidas adotadas pelos militares nos anos iniciais de seus governos foi uma boa desculpa para que eles continuassem no poder. No entanto, não foi apenas o crescimento econômico que acompanhou a subida das Forças Armadas ao poder no Brasil. Como indicado no início da nossa aula, também houve repressão, cassações, violências e muitas formas de oposição ao governo militar. Trataremos desses assuntos em próxima aula!
Para finalizar, quero propor algumas questões a serem comentadas por vocês:
- conversem com seus pais, avós, outros familiares ou conhecidos que viveram na época que estudamos e perguntem como era a vida naquela época. Era boa? Mais ou menos? Ruim? Aproveitem e peçam para eles explicarem porquê.
Grande abraço a todos e até a próxima!
* Quando existem apenas poucos produtores de um determinado bem, ocorre um tipo especial de mercado chamado oligopólio
Ainda não fiz uma pesquisa com familiares, mas pelo texto, julgo que a vida não era lá muito boa. Não podia fazer ou falar o que quisesse. Era permitido falar só a favor do governo, se você fosse contra você era violentado ou repreendido. Pude perceber que tudo que o governo fazia era vizando o dinheiro e o lucro, e sempre colocando no prejuízo, o trabalhador que era explorado e não recebia o suficiente em troca dos serviços que prestava.
ResponderExcluirIsso mesmo Brenda!
ResponderExcluirEmbora a situação financeira de algumas pessoas tivesse melhorado (a da classe média), muitos trabalhadores viviam em péssimas condições. Seus salários eram cada vez mais desvalorizados e o custo de vida aumentava rapidamente. E, como vc também comentou, a repressão estava na ordem do dia, qualquer tipo de manifestação contrária ao governo era reprimida com grande violência!