Olá meus amigos! Vamos a mais uma aula, tenham um excelente dia e ótimos estudos!!!
O assunto de hoje é o Imperialismo no século XIX, tema importante para compreender, principalmente, as causas da Primeira Guerra Mundial, que ainda estudaremos.
Nos séculos XVI e XVII, a colonização, que atingiu principalmente as Américas, tinha por meta a obtenção de especiarias, gêneros tropicais e metais preciosos. A justificativa para seu empreendimento era a de levar a fé verdadeira aos infiéis.
Porém, no século XIX, o neocolonialismo teve motivações diferentes. A crescente industrialização das grandes potências ocidentais precisava de matéria-prima que podia ser encontrada em regiões como a África, a Ásia e a Oceania. Também existia a necessidade de abrir novos mercados consumidores para aqueles produtos industrializados, uma vez que o mercado europeu não absorvia toda a produção industrial. Por outro lado, o capitalismo estava, neste momento, entrando em uma nova fase, que, diferente do que vinha acontecendo até as décadas de 1860-1870, passava a estreitar os laços da economia e da política, com uma intervenção cada vez maior do Estado nas questões econômicas, principalmente, em relação á proteção dos mercados internos.
Para suprir as novas necessidades dos países industrializados, que eram em pequeno número, foi feita uma repartição do mundo, excetuando pouquíssimas regiões, como foi o caso da América. De resto, o mundo não desenvolvimento foi fatiado entre as grandes potências mundiais: Inglaterra, Alemanha, França, EUA, e em menor grau, Bélgica, Espanha, Itália, Rússia, Portugal e Japão. A África, Ásia e Oceania veriam a invasão destes grandes e passariam a ser dominados direta ou indiretamente, ou tornariam áreas de influência do capital do primeiro mundo.
A expansão do imperialismo representou, segundo Hobsbawm, uma nova forma de avanço do capitalismo, substituindo o livre comércio e livre concorrência, por uma crescente rivalidade entre países, disputando colônias que lhes garantiriam a primazia no mundo industrial. Mas, a dimensão econômica não foi a única existente na “era dos impérios”, também existiam os apelos políticos, emocionais, ideológicos, patrióticos e raciais que justificavam o imperialismo.
Além das questões já apontadas, outros fatores ajudaram no desenvolvimento e na vontade dos países mais avançados em conseguir maiores porções de terras sob seu domínio ou influência. A alimentação dos europeus ocidentais começou a sofrer modificações e incluir na sua dieta produtos vindos das áreas tropicais, isso se deu principalmente pela facilidade de transportá-los, com a utilização dos navios a vapor, e pelas novas formas de condicionamento, garantindo a maior durabilidade dos produtos. Mas, não era apenas isso. As novas colônias também permitiam o controle do acesso terrestre ou marítimo às áreas vitais do comércio, além de funcionarem como postos de abastecimento (alimentos e combustível) para os navios a vapor.
Portanto, meus amigos, quanto maior fosse o território imperial de um país, mais ele teria oportunidade de crescer sua indústria e sua produção. Mais ele disseminaria entre seu povo a ideia de que ser grande era levar a civilização para as áreas incivilizadas. Mais ele teria condições de conquistar outras regiões.
Basicamente, a divisão do mundo seguiu duas linhas. A primeira era marcada pelo domínio efetivo das regiões, seja por uma administração direta (feita, portanto, por pessoas vindas da metrópole) seja pela administração indireta (que contava com o apoio das elites locais, interessadas em seus próprios benefícios). A segunda era a de esferas de influência, sem o domínio efetivo da região. No primeiro tipo, o de domínio efetivo, estava a África e Oceania; no segundo, parte da América e Ásia.
Mas, por que essa diferença? O que ganhavam ou perdiam as grandes potências, fazendo tipos diferentes de expansão de seu império?
A resposta é muito simples. Tudo dependia do interesse que a região suscitava. Por exemplo, a região africana era extremamente importante para garantir o controle, terrestre e marítimo, de regiões vitais com o comércio oriental. Os países que detinham a maior parte dos territórios africanos, como veremos a seguir, eram Inglaterra e França, sendo que os ingleses dominavam pontos-chave de ligação com o Oriente: a região dos mares Mediterrâneo e Vermelho e o cabo da Boa Esperança, tinham, assim, garantido seu acesso à Ásia e Europa Oriental. Essas áreas serviam também como postos de abastecimento dos navios que se dirigiam para as regiões orientais.
Por outro lado, se o interesse fosse conseguir matéria-prima barata e abrir novos mercados consumidores para os produtos europeus, não era necessário dominar o território, bastava influenciar aqueles que dominavam o poder e oferecer-lhes ganhos. A América, formada por pequenas repúblicas independentes, era totalmente dependente em termos econômicos. Poderia fornecer produtos tropicais, matéria-prima e ser grandes consumidores dos produtos importados da Europa. A Ásia, entretanto, tinha suas próprias peculiaridades políticas e culturais, além de mostrar interesses imperialistas. Mas, nem por isso, deixariam de ser boa oportunidade de mercado consumidor.
Estão vendo, tudo dependia do tipo de interesse daquele que dominava a região e o que aquela área poderia oferecer de melhor para a metrópole.
Assim, além de criar rivalidades econômicas e políticas, o imperialismo do século XIX, “foi a expressão mais espetacular da crescente divisão do planeta em fortes e fracos, em ‘avançados’ e ‘atrasados’ (...).” (Hobsbawm, 1988, p. 101)
(É só isso professora? Acabou?)
Sim e não. Em termos de discussão sobre o que foi o imperialismo era isso que eu queria passar para vocês. Mas, (nunca pode faltar um “mas”) vamos falar agora sobre cada uma das áreas que sofreram o processo de divisão e que se tornaram, direta ou indiretamente, colônias do novo tipo de império que surgiu no final do século XIX.
Comecemos, então, com a África. Este continente foi todo dividido entre os países imperialistas, excetuando apenas duas pequenas áreas independentes. As duas principais potências que dominaram a região foram a Inglaterra, que dominou do mar Mediterrâneo, ao norte; até do cabo da Boa Esperança, ao sul. E França, ficando com grande extensão do norte africano principalmente, junto ao oceano Atlântico e algumas área centrais. Observem o mapa:Podemos perceber que a Inglaterra dominou regiões de grande importância, como já foi dito, para controlar vitais áreas comerciais. O restante da partilha coube à Bélgica, Portugal, Espanha, Itália e Alemanha, ficando apenas a região da Libéria e Abissínia como áreas independentes.
O controle das áreas coloniais era feito por administração direta e indireta, mas sempre garantindo o domínio metropolitano. A utilização do trabalho forçado na extração e cultivo de matérias-prima e a alta tributação garantiam os lucros das potenciais imperiais.
Por outro lado, a Ásia e a Oceania, como já apontei, em geral eram tratadas como esferas de influência, o que não impediu que a Índia fosse dominada pelos ingleses e se tornasse seu maior protetorado. Observem o mapa:Assim, desde o século XV, com a chegada dos portugueses, a Índia foi sendo motivo de disputa por algumas potências. Já no século XVIII, o domínio era basicamente feito pelos ingleses, principalmente depois da Guerra dos Sete Anos, de 1756-1763.
Abrindo parêntese: a guerra dos Sete Anos teve várias motivações, entre elas o crescente poderio de Frederico II; da Prússia, a competição entre Áustria e Prússia pela posse da Silésia; e também, a disputa entre Inglaterra e França pelo controle comercial e marítimo das colônias da Índia e América do Norte. No caso da Índia, a Inglaterra teve o apoio dos sipaios e firmou as bases para o fortalecimento de sua influência na região. E antes que me perguntem, os sipaios eram uma milícia de nativos que foi organizada entre 1735 e 1741, que deu seu apoio aos ingleses contra a dominação francesa. Fechando parênteses.
Depois da guerra, a Índia passou a ser um protetorado da Inglaterra e a partir de 1848 o controle inglês intensificou-se ainda mais com a introdução de uma estrutura administrativa britânica e a construção de estradas e ferrovias que facilitavam a entrada dos produtos ocidentais.
A economia e os costumes indianos foram grandemente abalados, levando, em 1857, à revolta dos mesmos sipaios que tinham apoiado a Inglaterra tempos antes. O objetivo deles era acabar com a dominação, administração e efeitos da economia estrangeira. Foram sufocados em 1859, garantindo à Inglaterra o controle da região. Por fim, em 1876, a região passou de protetorado para parte do império inglês, sendo a rainha Vitória coroada imperatriz da Índia.
O caso japonês é um tanto diferente, pois ele passou de país fechado à economia mundial para o lugar de potência interessada na partilha imperial. Com os portos fechados aos estrangeiros desde 1648, foi somente em 1854, em plena era do imperialismo, que uma esquadra comandada pelo almirante Perry forçou a abertura dos portos japoneses ao comércio mundial. Essa abertura iniciou uma fase de grandes transformações no país. Por exemplo, o poder que antes era dominado pelo xogunato (comandantes militares), foi centralizado nas mãos do imperador. A partir de 1868 foi iniciado um processo de industrialização e modernização da economia japonesa, conhecida como Era Meiji, que foi articulada com uma política imperialista tendo como alvo principal a China.
O maior interesse japonês era sobre a região da Manchúria, região também de interesse da Rússia. Assim, em 1904 teve início a guerra Russo-Japonesa, no fim da qual o Japão afirmou sua supremacia sobre vasta área chinesa.
Atenção, pessoal, o início do século XX mostrou um Japão fortalecido e desenvolvido, que ocupava um espaço de grande importância entre as grandes potências mundiais. Seus interesses começaram a chocar-se com os dos EUA, que cada vez mais avançava sobre o oceano Pacífico. Bases essas de uma rivalidade que estenderá seus tentáculos até a Segunda Guerra Mundial.
Por fim, falaremos da China. Esta, no século XIX, teve um grande crescimento demográfico que despertou os interesses imperialistas sobre a região, afinal ela se mostrava como um promissor mercado consumidor.
Um dos primeiros produtos que foi forçado no mercado chinês foi o ópio. Usado anteriormente na região para fins medicinais, passou a ser disseminado – por causa dos interesses ingleses na sua comercialização a partir da produção na Índia – como droga entre a população. Em 1839 as autoridades chinesas, descontentes com os efeitos do grande consumo do ópio pela população, jogaram ao mar um enorme carregamento inglês do produto, que passou a exigir indenização por suas perdas. A indenização não foi paga, dando início à Guerra do Ópio, entre Inglaterra e China, que ao final teve a vitória inglesa, fazendo com que a China fosse obrigada a assinar o Tratado de Nanquim, garantindo a abertura de 5 portos chineses aos comércio estrangeiro, além de entregar Hong Kong ao domínio inglês. Anos mais tarde, em 1860, novos conflitos fizeram com que mais 7 portos fossem abertos ao comércio e estabeleceu embaixadas européias pelo país. Porém, as disputas imperialistas no território chinês não pararam aí. No final do século XIX a luta passou a ser contra o Japão, que como vimos, queria conquistar e dominar territórios na região.
Em 1900, novo conflitou assomou a China, foi a Guerra dos Boxers, assim chamados os chineses nacionalistas que pretendiam libertar o país do domínio estrangeiro. Os boxers lideraram uma rebelião que causou a morte de mais de 200 estrangeiros, entre eles o embaixador alemão. Em resposta, foi organizada uma força repressiva composta por ingleses, franceses, alemães, russos e norte-americanos que invadindo a China obrigou as autoridades a reconhecer todas as concessões já realizadas, aceitando a dominação imperialista. Esse foi um dos maiores entraves ao desenvolvimento econômico chinês que perdurou ainda por muito tempo durante o século XX.
Gostaria de lembrá-los que a região da Indochina foi dominada pelos franceses, que explorava a extração do carvão e o cultivo de chá e arroz. A supremacia francesa na Indochina estendeu-se até o início da segunda metade do século XX.
Fechemos nossos estudos pensando na seguinte questão: Quais as conseqüências imediatas do imperialismo do século XIX?
Ser por um lado, a expansão imperialista garantiu lucros para as metrópoles, por outro, tornou uma grande parte do mundo dependente economicamente dos países “avançados”. O acirramento das disputas por mais áreas coloniais, levou a formação de blocos aliados de países, o que promoveu o aprofundamento da tensão internacional. Tensão tão ampla e profunda que daria lugar à Primeira Guerra Mundial.
Até a próxima aula!
Obs: os mapas foram retirados do Atlas Histórico, mais informações nas Referências.
Obs: os mapas foram retirados do Atlas Histórico, mais informações nas Referências.
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